sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Episódio 11


Varre Tudo nem sequer reparou a direção que o homem de preto havia tomado. Estava muito transtornado com tudo o que estava acontecendo nos últimos dois dias.
Aproveitando-se da distração do varredor, o assaltante logo entrou em sua van preta e partiu. Tranqüilo, dentro da van, abriu a carteira e conferiu se ali estava o que ele mais precisava. Além do documento, na carteira havia um talão de cheques e alguns trocados. Tirou o documento e entregou ao seu companheiro, que disse:
- O trato nesta carteira é tu quem dá. Eu já tenho o que eu queria. Agora, tu só tem que continuar aquele outro trabalhinho – ordenou esfregando as mãos.
A van parou duas quadras depois – se Varre Tudo quisesse, até podia tê-la seguido. A porta abriu e um homem bastante gordo desceu do automóvel. Usava uniforme azul e chapéu de guarda municipal. Chapéu de guarda municipal? Era Juseppe.
Em uma das mãos segurava o documento que pertencia a Varre Tudo. Antes que alguém na rua desconfiasse de algo, guardou-o no bolso. Dobrou a esquina e entrou na Gráfica Papagaio.
- Bom dia, parceiro! - o guarda cumprimentou o balconista que atendia um rapaz, depois concordou com a cabeça que poderia esperar.
Assim que o cliente saiu, o atendente foi atrás e virou a placa da porta de entrada para “FECHADO”.
- E aí, Juseppe, que rolo tu arrumou pra mim?
- Aqui ó, Maurício... Esse é o documento, tá entendendo? Aí, tu faz uma cópia. Depois tem que trocar essa assinatura. E essa outra aqui, ó, tem que fazer de novo. Mas tem que ficar idêntica – sustentou o guarda.
- Tá fácil! - disse o balconista, que pegou o documento e guardou em uma gaveta – isso é trabalho extra, vou deixar pra depois – e voltou até a porta da gráfica alterando a placa para “ABERTO”.
- E o Cabelera? Tá lá atrás?
- Tá sim, chega aí.
Juseppe passou pelo balcão de atendimento e depois pela porta que ficava logo atrás. Jaciara entrou na gráfica. Maurício achou melhor não dizer que Juseppe estava ali, diria se ela perguntasse. Jaciara fez uma cópia de uma oração de São Jorge e estranhou o atendimento apressado de Maurício, mas foi logo embora.
Lá atrás, Juseppe conversava com Cabelera.
- E aí!? O que entrou de novidade!?
- Sabe, Juseppe? Os bichos tão chegando muito machucados. Olha aí – disse Cabelera, apontando com o olhar para uma lata de lixo.
Juseppe esticou o pescoço e viu um papagaio morto dentro da lata.
- Argh! Tem que reclamar! Tem que reclamar! Esse veio de onde!?
- Do Catarina!
- Nossa! Que descuido! Bicho morto não dá, né!? Vai largar aonde isso agora? - Juseppe ficou em silêncio um instante - Eu tinha que estar no parque, mas pode deixar que eu vou passar na chácara do Catarina antes de ir pra lá e resolvo essa parada. Bicho morto não dá – repetiu indignado e saiu batendo a porta.
Juseppe olhou para Maurício de cara amarrada. O balconista sorriu e voltou a atender uma senhora. O guarda não deu importância e interrompeu.
- Amanhã cedo tá tudo pronto?
- Com certeza, Juseppe – dirigiu-se para a cliente – Só um minuto, senhora – voltou-se para Juseppe – A Jaciara teve aqui agora.
- E ela me viu!? Veio fazer o quê!?
- Fez uma fotocópia e foi embora. Acho que não te viu, não.
- Menos mal, Maurício, menos mal... Amanhã eu passo aqui, então. Toma cuidado, viu!?
Juseppe saiu da gráfica e Maurício voltou a atender a velhinha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah! Shami! Boa! Ficou muito legal, gostei mesmo!! hehee