segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Episódio 32



Ainda com aquelas roupas, os funcionários da COVAT decidiram conversar com Varre Tudo para saber o plano dele para dar fim à gráfica clandestina de Juseppe. Encontraram um restaurante perto do Parque dos Sabiás e, enquanto almoçavam, Varre Tudo contou o plano.
- Seguinte, galera! Agora que todos já sabem o que o Juseppe faz nas horas vagas, administrando aquela gráfica clandestina, decidi tomar uma atitude radical. Pensei em “assaltar” a gráfica e libertar todos os pássaros que são maltratados e mortos naquele lugar.
- Nossa Varre! Que aventura!! – disse Shirley.
- Ah! Gente. – continuou Varre Tudo. – só não quero que a Jaciara saiba disso agora, prefiro contar para ela depois...
- Certo Varre! Agora conta o teu plano. – disse Abelhão
- Bem, vamos chegar à noite ....
Enquanto Varre Tudo contava a história, outros manifestantes, que tinham saído da praça para almoçar, começaram a correr na frente do restaurante. A agitação chamou a atenção de Josias, que estava olhando pela janela. Ele chamou os amigos e todos saíram em disparada do restaurante.
Quando chegaram na praça, os manifestantes já estavam dispostos como um paredão e, na frente dele, estava o pelotão de Choque da Polícia Militar de Carlo Campo, cidade que fica a 35 Km de Nova Rita Santa.
- Meu Deus! Os homens vieram, temos que chamar o coronel Castilhos, ele prometeu que um confronto entre manifestantes e polícia não iria acontecer. E agora isso! – gritou Abelhão.
Enquanto isso, o pelotão avançava contra os manifestantes. Varre Tudo e Shirley se arrepiaram quando os policiais começaram a bater com o cassetete no escudo de ferro. O som era aterrorizador e eles ficaram com medo do que poderia acontecer. Enquanto isso, Coronel Castilhos gritava no megafone:
- Manifestante! Parem com essa greve imediatamente! Não queremos machucar ninguém, mas se não houver acordo, teremos que usar a força e a repressão!
Abelhão chegou no Coronel para tentar negociar alguma coisa com ele.
- Coronel, não posso dispensar os manifestantes. Eles ainda estão indignados com o que aconteceu com nosso amigo Junior, funcionário da COVAT e ...
- Não quero saber. A ordem é dispensar os manifestantes, a governadora já disse: se não tiver acordo agora, vamos prender os agitadores e dispensar os outros à bala. – disse Castilhos interrompendo Abelhão.
- Mas, coronel, o senhor tinha me prometido ...
- Eu não prometi nada!
- Tudo bem! – disse Abelhão por fim - desse jeito, teremos que enfrentar a polícia e, se alguém morrer aqui, teremos um guerra!
Abelhão virou as costas para o coronel, mas não conseguiu escapar do capitão Oscar que o pegou pelos braços.
- Você está preso pela agitação toda que vem fazendo nos últimos dias e por desrespeitar o coronel Castilhos.
Ao ver que Abelhão foi jogado dentro do camburão e, o fato de ele ser negro, atiçou ainda mais a indignação de todos os manifestantes. Eles começaram a gritar frases de José Luthzenberger e a situação estava ficando cada vez mais delicada. A comissão de greve, formada por Varre Tudo e agora Josias, resolveu marcar uma outra reunião com a direção da COVAT. Mas, antes disso, tinham que negociar com a brigada.
- Coronel Castilhos, gostaríamos de informar ao senhor que aqui todos são trabalhadores e que não queremos que ninguém se machuque. O senhor agora prendeu o Abelhão e, dessa forma, enxergamos que a Brigada não agiu de maneira correta. Vamos ficar aqui, todos os manifestantes e prometemos marcar uma reunião com a direção da COVAT para que possamos terminar a greve. Então, gostaria de pedir ao “senhor” que mandasse os homens embora. – Varre Tudo falou aquelas frases com medo, mas, pensou em Abelhão e nos outros manifestantes, que poderiam sair machucados daquela situação.
- Certo rapaz, mas faço isso, pois recebi ordens de não entrar em confronto.
Os policiais começaram a ser dispensados e Varre Tudo ficou feliz, mas, Abelhão iria passar a noite na delegacia, pois o coronel Castilhos não estava disposto a libertá-lo.
À noite, depois de toda a agitação do dia, Varre Tudo se encontrou com Shirley, Josias, o primo Jéferson e Magali. Eles iriam colocar o plano de libertar os pássaros em prática. Varre Tudo trouxe as toucas de “ninja” e roupas pretas, para que ninguém os reconhecesse se o plano falhasse. Jéferson foi o encarregado de arrombar a porta dos fundos, pois já conhecia o lugar, Shirley e Magali ficaram do lado de fora, para avisar se alguém estivesse chegando, e Josias e Varre Tudo iriam soltar os bichos. Uma agitação tomou conta deles quando Jéferson conseguiu arrombar a porta. Eles entraram e o que viram foi assustador. Alguns animais já estavam mortos. Varre Tudo disse aos amigos que soltaria os animais na rua mesmo. Depois da ação, Jéferson fechou a porta e eles saíram discretamente pela rua escura.

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