sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Episódio 36


E voltou. As pessoas podiam deixar suas janelas abertas, pois não havia mais aquele cheiro terrível na cidade. A quantidade de insetos também foi reduzida e os ratos sumiram. O esforço e a união da população de Nova Rita Santa deixou a cidade limpa em exatos cinco dias. A limpeza foi feita principalmente pelo esforço de entidades sociais e das escolas. Depois do trabalho ter sido feito, os alunos ficaram muito curiosos querendo saber para onde era destinado todo aquele lixo:
- Profe! Se, em uma semana de greve, a cidade acumulou todo esse lixo, quanto será que a gente produz em uma ano?
- Caramba profe, onde vai parar todo o nosso lixo?
- Nossa! Eu sei que grande parte do lixo seco é reciclada e que o lixo orgânico é posto no aterro, lá no bairro São Cristóvão. Mas explicar o processo... eu não sei, não – disse Claudete, a professora.
Curiosa e prestativa em esclarecer corretamente as dúvidas de seus alunos da 7ª série, a professora aproveitou que a escola ficava pertinho do Parque dos Sabiás, onde ela sempre via os varredores, e foi até lá durante o recreio.
- Moço! Você pode me dar um minuto de atenção?
- Oi!? - respondeu Varre Tudo.
Varre Tudo deu todos os detalhes à educadora. Quando ela voltou para a escola entrou em contato com a COVAT e agendou uma visita à empresa para a manhã seguinte.
A folia no ônibus escolar era grande. Dia de passeio geralmente era assim. Chegaram primeiro à sede da COVAT. Mateus, o assessor da companhia atendeu os estudantes e disse que acompanharia o passeio pela Estrada do Lixo.
- Bom dia, pessoal! Como vocês já devem ter estudado, sabem que nosso município tem 296 mil habitantes, certo? Bem, todos os dias, nós produzimos 250 toneladas de resíduos. A maior parte, é de lixo orgânico, cerca de 210 toneladas. Esse lixo vai parar lá no Aterro Sanitário Municipal de São Cristóvão. O lixo seco, que é seelecionado, é distribuído gratuitamente para 10 associações de recicladores – explicou o Mateus.
Na sede da COVAT, os estudantes puderam ver como funciona o mecanismo dos caminhões que recolhem o lixo dos contêineres automaticamente. Viram também que os carros e caminhões da empresa são lavados com a água de uma açude do local.
Seguindo o passeio, o ônibus se dirigiu até a Associação dos Empregados pela Reciclagem. Ali, Jaciara explicou todo o processo, destacando que a entidade separava cerca de 5 toneladas de lixo por dia para, depois, vender. Os estudantes entravam tampando o nariz e se espantavam quando percebiam que não havia cheiro de lixo no local. Assim, entendiam que na reciclagem a maior pare do lixo era seco e não produzia odor.
O último ponto da Estrada do Lixo seria o aterro. Chegando lá, os estudantes conheceram Seu Roque e os sete cachorros que o acompanhavam durante o dia de trabalho. Aí, sim, começaram as caras feias para o mau-cheiro.
- Éca! Quanto Lixo! - reclamava um aluno.
- Apesar de vocês estarem pisando na grama, vocês não deixam de estar sobre uma montanha de lixo – destacou Mateus.
- Bécks! Que nojo! - reclamou outra aluna.
- Antes de o lixo chegar aqui, o terreno é preparado. É feito um isolamento com uma camada de argila e depois é colocada uma manta plástica, parecida com uma lona, é a geomembrana de pead. Esse “plástico” é formado por resinas virgens, que depois se integram à terra – instruía Mateus – Os caminhões descarregam o lixo, que chega a ter uma altura de quatro metros. O lixo é prensado com a ajuda das máquinas. Sobre o lixo vai mais uma camada de argila, outra de brita, outra de terra. Aí, a grama é plantada. O chorume, que é aquele liquido que sobra do lixo, é drenado para uma estação de tratamento.
- E o que é isso, que solta uma fumacinha? - perguntou uma estudante.
- Esses são os queimadores. Eles permitem que o biogás seja liberado e queimado. Todo dia, o Seu Roque passa pelo aterro para verificar se os 22 queimadores estão acesos.
Impressionadas com o processo, o cheiro e a quantidade de lixo, os adolescentes seguiram até o ônibus para retornar a escola. Muitas outras turmas passaram a conhecer a Estrada do Lixo. Na escola, todo lixo passou a ser separado corretamente.

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