terça-feira, 2 de outubro de 2007

Episódio 18


O sábado amanheceu ensolarado. Varre Tudo tinha se revirado na cama a noite toda. Ele estava ansioso, mas dessa vez a excitação era diferente. O rapaz estava animado e decidido a reverter as coisas ruins que haviam acontecido nos últimos dias. Iria encontrar Jéferson às 10 horas no parque. Normalmente ele trabalhava aos sábados, mas seu Pedroca, diretor da COVAT, tinha lhe dado o dia de folga para que descansasse depois daquela semana agitada. Mas, como estava acostumado a acordar cedo, decidiu arrumar a casa e depois passar no hospital para visitar dona Arzelina. Ele caminhou lentamente pelas ruas da cidade. E passou por uma floricultura para comprar orquídeas para ela.
- Bom dia! Gostaria de levar esse vasinho aqui.
- Tu tem bom gosto, menino! Mas, se é para namorada, melhor levar rosas! – disse a senhora sorridente do outro lado no balcão.
- Eu não tenho namorada, não. É para uma senhora que trabalha comigo. Na verdade, ela é como uma segunda mãe. – disse Varre Tudo sorrindo, sem jeito.
Nesse momento, uma jovem abriu a porta e entrou. Varre Tudo corou. Era Magali, a moça que trabalhava na COVAT à noite.
- Altayr! Que surpresa! Tu veio me ver? – perguntou ela, piscando para a mãe.
- Mas, então é esse o guri de quem tu tanto fala, filha? – indagou Catarina.
- Sim, mãe. Vamos, Altayr. Vou contigo até o hospital – disse a jovem sorrindo.
Nunca tinha reparado em Magali, mas agora sentia o coração bater forte, enquanto ela enganchava em seu braço, sorrindo. Ela não parou de falar o caminho todo. Quando chegaram ao hospital, ele se deu conta de que não havia prestado atenção em metade do que ela havia falado, de tão encantado que estava. Entraram no quarto, mas não ficou muito. Despediu-se da moça com um abraço apertado para sentir o perfume dela mais uma vez. E de dona Arzelina com um beijo carinhoso na testa. Chegou ao parque na hora marcada e contou ao primo detalhadamente todos os fatos estranhos que aconteceram desde que colocou a mão naquele documento. Jéferson topou ir até lá e investigar. Ele conhecia o lugar e sabia que um dos donos da gráfica era metido e falava a todos que andava com gangues da cidade. Chegou à gráfica e desceu do carro, olhando para os lados, como se estivesse sendo seguido. Entrou no local, que estava vazio.
- Meu! Preciso de umas cópias aí, tá ligado! Tô com pressa, rapá! – exclamou ele em tom autoritário.
- Deixa comigo, chefia! Meu lance é mais bacana, mas dou um jeito nisso aqui pra ti!
- Como assim? Se tu não manja da parada, vou procurar outro, pô! – esbravejou, dando um soco na mesa.
- Eu manjo sim, só que meu brother é quem cuida disso, trampo mais lá atrás, mas sei fazer. Não esquenta, não! – disse Cabelera.
Cabelera, que na verdade se chamava André, sorria encantado. Ele adorava a maneira como os “chefes” de verdade falavam. Pensou que talvez essa fosse sua chance de entrar em um negócio realmente lucrativo.
- Parceria, senti que tu é de responsa. Vem cá, quero te mostrar meu negócio de verdade. Aí quem sabe a gente pode trampar junto. Sacou? – questionou ele
- Demorou, parceiro.
Jéferson tremia dos pés à cabeça quando saiu da Gráfica Papagaio. Ele tinha realmente encarnado o personagem. Estava tarde e ele ficou com medo de ser seguido, porque enquanto conhecia os fundos da gráfica, Juseppe chegou e não gostou nada da atitude do sócio. Eles foram conversar lá fora, enquanto Jeférson supervisionava o lugar. Ele percebeu que os dois estavam nervosos e Juseppe até empurrou Cabelera, que revidou, mas logo se acalmaram e voltaram a conversar. Ele esperou e se despediu dos dois prometendo voltar no dia seguinte com algumas mercadorias. Ligou para a vizinha de Varre Tudo.
- Varre, tu não vai acreditar! E avisa a Jaci. O namorado dela estava lá, eu vi o nome no crachá. Te prepara! Me encontra na praça Pio X amanhã às nove horas, temos que agir logo! – exclamou ele.

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