sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Episódio 21


Com o chapéu preto nas mãos, Varre Tudo encontra os amigos.
- Nossa! Mas terminou rápido mesmo, hoje – surpreende-se Josias ao ver o amigo retornando.
- Não, não terminei, não... É que... Alguém tá mexendo sério comigo. Sabe o vulto da Árvore do Enforcado? Acho que ele é de carne e osso...
- Ih... – suspeitou Shirey – minha vó sempre disse que a gente tem que ter mais medo dos vivos do que dos mortos.
- Hoje vi alguma coisa de novo e, quando me aproximei da árvore, encontrei esse chapéu – explicou o varredor.
- Ei! Deixa eu ver esse chapéu, Varre? - pede Josias.
O rapaz examina o acessório. Olhá de cá. Olha de lá. Observa:
- Lembra daquele dia em que o Capitão do Mato falou com um cara todo de preto?
- Hã! - se espanta Shirley.
- Ele usava um chapéu muito parecido com esse... - concluiu Josias.
- Putz! Caramba – esbravejou Varre Tudo – E pior... eu tenho agora, ligando os fatos, a impressão de que foi o mesmo cara que me assaltou. Que saco! Tô ficando cansado e bem preocupado com toda essa história. Será que tudo que aconteceu comigo tem uma ligação?
- Varre, começa a tomar cuidado – aconselha Shirley – ,mas... eu não entendo como alguém pode querer fazer algum mal pra um guri boa gente como tu.
- Bah... Mas e o Capitão do Mato? Será que ele tem mesmo relação com todo esse rolo? - questiona Varre Tudo – ah! Eu nem contei pra vocês... Lembram o dia em que estourou o cano na prefeitura? Vocês nem tinham tirado as vassouras da Kombi e ele arrancou. Ele disse que ia me levar pra algum lugar. Minhas pernas tremiam enquanto ele pisava fundo no acelerador! Pulei da Kombi e voltei pra prefeitura, mas nem consegui falar com vocês.
- Ué! - estranhou Josias – mas onde ele ia te levar?
- Não quis me dizer. Não sei o porquê. Mas entendi que ele queria me usar de cúmplice pra alguma coisa.
- Que esquisito! Olha só, Varre, a coisa tá ficando feia! Tu não varre mais sozinho lá no Enforcado. Troca comigo. Fica aqui com Josias que acho que tu fica mais seguro.
- Bah, Shirley, é melhor assim. Obrigado. Deixei as minhas coisas lá – disse Varre Tudo.
Continuaram o serviço até o meio-dia, quando se encontraram na sala, ou melhor, no que sobrou dela. Abelhão e Junior estavam sentados em um sofá velho, que havia sobrado do incêndio. A cara dos dois não era nada boa.
- Pô, Abelhão! Tu andou fazendo piada de mau gosto, foi? - perguntou Varre Tudo.
- Não - disse o Abelhão – tu não viu teu salário?
- Vi, sim, mas é que esse mês choveu muito. A gente sempre fica prejudicado nesses dias.
- Ah... eu tô achando muito estranho. Esse mês não passaram minha relação de horas pra eu conferir. Tô desconfiado – argumentou Junior.
- Imagina, ninguém da companhia vai roubar da gente. Foi culpa do mau tempo mesmo. Não vai ser fácil esse mês – lamentou Varre Tudo –, pagando o aluguel, sobra menos ainda – o varredor ficou pensativo enquanto os amigos estavam em silêncio – A gente podia pensar em alguma forma que nos auxiliasse nesses dias de chuva e vento. A COVAT deve precisar de algum outro serviço em que a chuva não seja um empecilho. Vou pensar em alguma coisa, depois a gente faz uma proposta.
- Sim! Tu sempre tem boas idéias. É esperto! Mas, Varre, eu tô dizendo, acho que tem alguma coisa errada com nossos horários – insistiu Junior.
Varre Tudo desviou do assunto:
- Bom, eu tô com fome! Vamos almoçar?
Os cinco saíram e comentaram sobre o estado de Dona Arzelina. Ela começava a se recuperar.

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